quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O contador de Histórias

Contar histórias é uma tarefa mesmo curta, e não descarte a dificuldade, o que é curto, por certo, está resumido e deve concentrar mais esforço.
As histórias são a que nos impõe mais trabalho. Uma vez que o contador deve passar sua vivência depressa, e a publica diante dos seus olhos.
Percebam! Como foge a facilidade, o contador de histórias, quando verbaliza sua memória, deve imaginar como os olhos alheios a receberam. As pessoas que participaram da eventualidade são consumidas pelo contador, sem que lhes dêem direito a imaginar por si.
Engraçado, contar história é uma atividade socializante, mas não democrática, com os próprios personagens. Assim encaro a dura tarefa política de um contador de histórias.
Com essa dura missão, contar história de um contador de histórias é um trabalho duplo. O filme de Luiz Villaça conta a história de Roberto Carlos Ramos. A vida do narrador, o próprio Roberto, parece apropriada à tela.
Um belo figurino e a construção mágica nas alegorias dos personagens mistificam a razão real do narrador, que parece como voz ao fundo. Ao contar a própria história senti que ele intimidou-se com o cinema, ou deve o diretor ter lhe pago uma fonoaudióloga pouco sensível.
Toda a história vista pelos olhos do contador, e como ele as enxerga exclui a parte dos que foram ouvidos para a pesquisa do diretor, e o mesmo, Luis Villaça afirmou que o filme teve que adaptar as histórias de Roberto, como é todo filme tirado da realidade.
Com extrema justiça a sensibilidade pedagógica do personagem principal aparece em bons recortes. As cenas da infância extrapolam na baixa repercussão das falas, usando muito o silêncio para quem conta histórias usando a voz. O áudio parece caduco, às vezes, colocado baixo ou atrasado.
Com toda essa evidência o filme percorre o ajuste da vida difícil de Roberto Carlos Ramos, mesma pela publicidade do narrador, que está entre os dez melhores contadores de histórias do mundo, segundo o filme. As cenas finais com o próprio Roberto justifica a magnífica ideia do filme.

Thiago Turbay Freiria