sexta-feira, 14 de maio de 2010

Copa, sala e cozinha

Thiago Turbay Freiria
Quando ouvirem alguns fogos estejam certos que somos campeões. E então, essa afirmação espera quatro anos para ser real, de Copa em Copa. Tão quão espera o juízo, isso é tanto tempo, que a pregação de um Judas ou Cristo acompanha o mesmo intervalo, então amamos e odiamos, todos, arrumamos e desorganizamos nossa vida pela Copa.
Lembro quando amamos o Ronaldo, fenômeno, e quando o odiamos, depois voltamos a amá-lo. Que coisa estranha, os sentimentos já são tão líquidos que é fácil transportá-los, e até colocar em outro recipiente. Por exemplo, já amamos Robinho, Kaká e outros, lá atrás, amamos o Pelé, o Pepe, o Falcão, o Didi, Garrincha.
Esse ano de 2010, ano de copa do mundo de futebol, precisa de mais alguma coisa? São tantos esquemas táticos que já fazemos por merecer a fama de descontentes. Nunca nos agradou uma seleção, por completo, apenas a de 86, o time mais técnico do Brasil, mas não ganhou, então essa memória coletiva ficou implantada na nossa copa. Esse ano, como será lembrado?
Como não é democrática a Copa, a república deu um jeito. Imagine o governo sendo o patrocinador do orgulho nacional, a seleção de Futebol, e foi. Não se assustem, grandes estádios de futebol tem nome de militares. A ditadura foi impenetrável, dizia; Brasil; Ame-o ou deixe e também outras alusões nacionalistas para ludibriar o povo. O time comandado por Zagallo fazia isso. Jairzinho, Tostão, Rivelino, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Gérson apagavam a meningite no Rio de Janeiro, a mortalidade infantil que atingia índices comparados aos países africanos pobres. O Mundial de 1970, no México, terminou em 21 de Junho, marcando o ano brasileiro do início do milagre econômico e do Tri campeonato Mundial de Futebol.
A Copa arrumava a cozinha e a sala do Brasil, incitando o nacionalismo coletivo e o entusiasmo radicado pela Brasilidade, o bom malandro da América do Sul, desde que a vitória no futebol fosse à pauta criativa das notícias, aprendizado que fora conseguido depois da derrota para o Uruguai em 1950, no Maracanã.
Mesmo que nos sintamos persuadidos somos confeccionados assim, a “Copa do Mundo é Nossa, sou Brasileiro não há quem possa”. Para não ir tão longe, chegou Lula! E um presente desses na copa de 2002, o Brasil ganha o Lula ganha. Mas o Brasil nesse ano teve epidemia de dengue, assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, o assassinato do jornalista Tim Lopes em uma favela do Rio de Janeiro, a morte brutal do casal Richthofen pela filha Suzane, o namorado Daniel e o irmão dele Cristian.
O ano de 2002 não foi só futebol, mas quem marcou os dois gols da vitória sobre a Alemanha na final? Eu sei, vocês sabem. A copa fez sombra às transformações sociais com abuso de violência, legitimando o crime e a persistência de uma camada social inquieta e potencialmente brutal. Historicamente, a Copa do Mundo é um precedente para falha da memória coletiva nacional.
Já em 2006, perdemos. Nem para a final da copa a seleção foi. Passamos a odiar nossa seleção, mas logo a perdoaríamos na campanha eliminatória para o Mundial de 2010, que a seleção Brasileira venceu, batendo a Argentina.
Argentina, nosso rival histórico, por quê? Tivemos o enunciado incorporado pelos Ingleses, no século XIX, durante a guerra das Malvinas, nos incitando a odiar os Argentinos. Como hoje a economia articulada entre os blocos econômicos e os mercados comuns, as divisas geográficas imaginárias transpostas pelo advento das telecomunicações fez perder o sentido de sermos inimigos dos Argentinos, então migramos esse ódio para os esportes, como rivais.
Chegamos ao mundial de 2010, África do Sul. Vamos nos conhecer mais:

terça-feira, 20 de abril de 2010

O conhecimento não pertence aos intransigentes

Thiago Turbay Freiria

A contenção do principio é senão a solução dos intransigentes, tanto para estipular barreiras para que não ultrapassem o que é conhecido. Então, o processo do conhecimento é o que torna as pessoas intransigentes, também para intransigir.
Parece que o conhecimento é a cadeia permissiva do problema, por que para saber é necessário não tê-lo antes. Sabe o juízo que é fortuito procurar o conhecimento para obtê-lo, mesmo que não haja possibilidade de prender, o conhecimento é o objeto livre de apego, ou de abstração.
Sobre a intransigência, quem tem assim condição de chegar ao conhecimento não poderá prende-lo, para que assim saiba que a liberdade é passível de não existir. Agora o sujeito intransigente não pensará assim. Pensará que se ele teve algum contato com ele, o conhecimento o pertencerá para sempre, como se fosse um casamento mórbido, pouco usual, mas que existe, pelo menos em caráter ou gênero.
Assim, o articulador, diferente da pessoa intransigente saberá pular de conhecimento a outro, criando uma cadeia de informações coerentes e sensatas, aberto ao novo e ao horizonte que prevê o usufruto do conhecimento, por mais rápido que seja, ele estará ali sempre disposto a te servir.
Vamos voltar ao sujeito intransigente, sobre novo conhecimento, ele dirá- “O novo conhecimento não é verídico, porque eu conheço o verdadeiro”. Percebam como é arrogante o sujeito que declara saber. Assim, essa arrogância não pertence ao conhecimento, como dito, para saber é preciso não tê-lo antes.
Dessa forma abrirá um caminho evoluído o sujeito que abrir-se para o novo conhecimento, e às vezes deixar o antigo passar ou quem sabe esse conhecimento antigo seja o suporte para o novo. É de extrema prudência o sujeito que deseja crescer abdique-se da contenção de conhecimentos antigos, e não declare a todo vapor saber em demasia.