quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sublime 2 - Texto escrito por quem tenho muito gosto, Guilherme Ferreira.

"After silence that which comes nearest to expressing the inexpressible is music."
- Aldous Huxley
Aventuro-me a traduzir uma citação que talvez seja incapaz de traduzir. Mas a tentativa não custa nada, além de não ser dolorida para um homem não conceituado. Aldous Huxley quis dizer que, além do silêncio, não há nada que se aproxima mais em expressar o inexpressível do que a música. Concordo em gênero, número e grau pois a música, na minha opinião, é a máxima expressão do que é sublime. E o sublime é inexpressível por um simples mortal.
Mais uma vez irei me recorrer ao latim como muleta conceitual. Afinal, não sou conceituado, e suficientemente graduado, para tomar como ponto-de-partida o meu achismo mortal. Sublime vem de sublimis do latim, que significa "olhando desde cima". Como terráqueos estamos submetidos às leis da gravitação. Os pés no chão são uma fatalidade, fato comprovadamente verdadeiro, por mais que digam que não - digo sobre todos aqueles metafísicos de plantão: poetas, filósofos, artistas de qualquer natureza e vocação.
Virtuoso é o homem que consegue sublimar-se. Ver de cima sem o efeito da gravidade. Volitar fora da carne que aprisiona os nossos sentidos - sentir desde cima, sem limites, desde alto, com sentimentos exaltados. Enxergar o que outros não vêem, a vastidão sem precedentes na nossa humana e limitada visão, tato, paladar, olfato e audição.
Portanto, não existe outra reação diante do sublime senão o estupefato silêncio do homem que não tem palavras sequer para uma simples expressão. E a música neste sentido, é pura contradição, pois é sublime e consegue ser o contrário do silêncio, o som e sua magnitude em ação. Todavia, mesmo aqueles mais astutos no uso das palavras, de joelhos ao chão, rendem-se a música sem reação. Sem rumo ou orientação, desesperadamente correm e recorrem ao dicionário que lhes fecha as portas de capa e contra-capa com um assertivo não!
Rachmaninoff é um dos mestres do sublime. Homem que é capaz de desafiar as leis da gravitação, volitar e encontrar sons, inspiração que nenhum outro homem no chão foi capaz de imaginar ou tocar. Este Concerto para Piano e Orquestra no.2, em seu segundo movimento, ajuda-me, em silêncio de boca calada e olhos arregalados, a definir o que vem a ser sublime, a levitar, a voar como se fosse alguém que nunca pisara em terra firme. E, para arrebatar, o concerto é interpretado por Nelson Freire, outro homem como Rachmaninoff que é médium do sublime para nós homens simples, cegos, calados e de pés descalsos calejados pelo chão.
Posted by Guilherme Ferreira

terça-feira, 27 de maio de 2008

O agendamento midiático e a realidade subjetiva da notícia

Alarguemos o leque de opções temáticas das editorias convencionais, tratemos de sacudir o tema principal do jornalismo, sobre uma ótica da verdade, a notícia e a recepção cognitiva que se percebe enquanto leitor e produtor dos materiais produzidos pelo jornalismo. Os meios de comunicação formais dependem de uma linguagem, periodicidade, isenção e credibilidade, os métodos usados são configurados para que esses pilares pareçam irredutíveis em relação estreita com o subjetivismo pessoal.
A interpretação, mesmo adquirindo importância referencial no processo de comunicação, não é figura fundamental da peça constitutiva de um material jornalístico, pensando na demonstração explícita da prática na profissão. A produção de notícia passa por apropriação de valores culturais e éticos que usam as potenciais interpretações. A interpretação está embutida nas diversas relações, positivas e negativas, com qual a informação arremata o receptor da mensagem. A determinação emotiva, com qual todo receptor assimila, é uma peça estritamente necessária para uma comunicação eficiente.
O lado efetivo de uma comunicação produtiva tem como pressuposto a aceitação da informação, ou compreensão, mesmo que não seja aceita como um todo. O feedback da informação, ou seja; como retorna ao comunicador a opinião emitida, é uma interferência subjetiva na produção de um material informativo, e a base do jornalismo, como da emissão de notícias, com "verdades" ou fatos jornalísticos.
O público emite sua subjetividade de acordo com as demonstrações públicas de afeto ao material veiculado e com a própria "audiência" contabilizada pelas pesquisas de base, feitas pelas empresas de comunicação, ou órgãos de comunicação. Esses emissores de informação usam de forma descriminada essas informações e interpretações da subjetividade para produzir material público e distribuir informação. De forma contida e sutil, o material noticioso é uma interação entre emissores e receptores, tendo ciência de que esse material tem um apego de pesquisa psicológica, para que seja eficiente a compreensão da mensagem.
É certo que, o público médio dos veículos de comunicação é um combinado heterogênico e disperso, visto que a teoria da comunicação ainda o denomine meios de massa, há nessa origem uma hipótese de que há uma aceitação linear do material produzido, hipótese incorreta, usando de uma precisão sistemática. O público assimila uma notícia de acordo com sua cultura e ética, mas é defrontado com a massificação dos produtos de comunicação, sendo levado a um comportamento determinado de acordo com a manipulação dos meios de comunicação, para com o material publicado. Esse confronto afeta a apreciação do jornalismo.
Uma interpretação subjetiva nos meios de comunicação é responsável pela formatação cultural passada por estes, que são formadores de opinião, ora sendo impelidos a concretizar suas ações de acordo com um diálogo efetivo da comunicação, garantindo que o receptor compreenda á mensagem preferida. Há nesse processo um acordo eficaz, contudo falso, adquirido pela insistência de um discurso imparcial no jornalismo. Ora se há um exame das reações psíquicas e subjetivas do público que se pretende alcançar com determinada mensagem, há uma persuasão associado à notícia. Há sim no jornalismo à necessidade do emprego da ética, para que cada receptor se alinhe de acordo com sua disposição.
Thiago Turbay Freiria

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Sublime !

Recordo-me das proezas de infância, a resenha precisa do descompromisso. Às vestes suturadas de agonia, do banho mal tomado, dos eventos rasteiros de choro e do bem ser do riso.
Rateio das formosas broas, dos símios queijos, das arestas dos bolos, do leite gordo, tal assim a vida arrasta as boas lenhas.
Convenço minhas imagens de campo astrais de forma artística, com o sombreamento da luz impune, dos versos ladinosos das nuvens, fílmico assim é minha astuta lembrança do campo, dos seus rizomas empenhados, das trepadeiras musculosas, dos pastos manhosos, do agito musical das folhas.
Assim súbito vêm à proeza lerda dos arremessos cânticos da língua, nosso ditado particular, o escanteio vocálico, o desbunde ortográfico, o jeito saboroso de gingar com as letras, assim minha maestria faz salutar o canto simples dos capitães do mato.
O arregaço das mangas no chão, a fobia dos cantos matinais, os pássaros arrematados, o galo cuspidor, de tudo isso, assim, atento meu senso, e debato as juras cidadãs. Assim tornado rancho, canso de tanto castigar, de peso sedento de capital e do piso longo até chegar meu canto manso e todo celestial.
Campo sestroso, nem falar de flores tive, e majestoso corso vêm cambalear de saudade minha infância metida de garoto, preso as sintonias fraternas do gesto, do obrigado, por favor, disponha e sem crise.
O sublinhado da tarde ressaquiada pela aventura do Sol, das baias poeirentas, das crinas arregaçadas, do suor dos animais, do louro da terra, do ventre do abraço familiar, dos amigos dispostos, dos risos inacabáveis vem todos a pestanejar, a devoção do são subliminar.
Tanto quero dispor levado, que meu ditado chorado mata ovão que a saudade do campo sublime planta, sem colheita, mas que no meu peito estão.
É este meu canto sublime, da jura cativante que um dia passo de novo habitar com mais tempo e lerdo empenho morar.

Thiago Turbay Freiria