terça-feira, 15 de abril de 2008

Ácido desoxirribonucleico

Thiago Turbay Freiria
O Brasil leva a carga genética das falcatruas imperiais. O sistema hereditário é nosso precipício. Dom Pedro I inaugurou o despótico carisma dos governos populistas. Fez e desfez como empreendedor da coroa, percebendo a chance de perder a bagatela Brasil declarou: - "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação. Estou pronto! Digam ao povo que fico". Essa é a cartilha governista desde 1881, data do episódio. A alavanca liberal que firmou a independência do Brasil em 1822 ainda acrescentou ao manual de política nacional um lema atual; é o lobby político. Hoje popularizado pelos lobistas que estampam os desaforados escândalos políticos. Menos cauteloso é o governo de direito divino, demonstrado pelo pai dos pobres, Getulio Vargas, o guardador do rebanho nacional, das almas canarinhas. Quando executava o golpe histórico do suicídio, se assim foi mesmo, o homem esperava a redenção celeste, dando uma dose de culpa ao povo brasileiro, para que este mantenha seu clã no poder. Também vamos premiar os lunáticos, como Jânio Quadros, que planejou um golpe e esquece-se de avisar aos defensores. Era o antibiótico que pretendia o então presidente, alegando forças terríveis, mas a deformação estava alastrada em nosso código genético. Mais adiante os legalistas contundiam o intelecto brasileiro, declarando salvadores da pátria contra a revolução comunista. Já Plínio Salgado tentava essa tarefa, em 1932. Ansiosos pela tomada do poder, os militares, chegaram antes de o Brasil deteriorar, para dar-nos a chance de ser desenvolvidos. Esse combate da pobreza nacional veio a culminar com a extensão da prosa, os militares pensavam: vamos eliminar umas bocas que a fome acaba. Logo os guias foram ficando velhos, e a titularidade trouxe nossa cambaleada democracia. Até os marajás mudarem de nomes, os antes aristocratas, café-com-leite, aliança nacional, liberalistas, trabalhistas, militares, hoje petistas, peemedebistas, fomos acostumados com as nomenclaturas para larápios. Essa vertente é fecundada no biotipo nacional, como o futebol, que prorroga o fracasso de nossos governos. Somos sempre salvos pela tríplice: carnaval, futebol e bunda. Por isso Renan Calheiros, presidente do senado, nada tem a temer, tudo está a seu favor. O estopim da crise ética de decoro, a jornalista Mônica Veloso, sua amante, a quem Renam é acusado de pagar pensão com dinheiro de lobista, vai posar nua na maior revista masculina do país. A única manifestação prevista contra o senador é de inveja. A analogia é mestre de revelação, compara-se o escancarado ao escondido. Nosso gene não identifica um lócus disfarçado. Juscelino priorizava as metas capitais dos estados emergentes, tentando transpor as linhas dos meridianos, quis descartar o equador e se tornar Norte. Construiu estradas e dívidas, e quem irá dizer que é Brasília ou o corredor integralista. Lula imita-o. Pelo continuísmo altruísta dos governantes de nosso Brasil, Lula aplica a cartilha inscrita em nosso DNA, nosso ácido desoxirribonucléico contém a formação da ligação peptídica governo = corrupção. Entretanto os votos do carisma de nosso atual presidente é capaz de emudecer as milhares de vaias que o acompanham nas “missões” pelo nosso imenso cantão. Lula disse, nesta segunda-feira, seis de agosto, em viajem pela América Central, que irá transformar o Brasil em "um verdadeiro canteiro de obra". Fruto da nossa herança genética política e eleitoreira vêm ai o Programa de Atuação Carismática, o PAC.

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