terça-feira, 15 de abril de 2008

TROPA DE ELITE, poder e filme.

Thiago Turbay Freiria
As relações de poder se configuram em ciclos impróprios, ou não concebidos anteriormente. Esse propósito é o que dá sentido ao diretor José Padilha investir em Tropa de Elite. Antes os documentários de Padilha definiam a visão despudorada da violência, agora é uma ficção. No documentário, ônibus 174, há mais de Tropa de que o próprio diretor, a obra então pertence á ela própria e a quem a introduziu- e menos aos camelôs que multiplicaram cópias ilegais e ao próprio diretor. Padilha então matou sua sede de Brasil, apostou em flash´s rápidos em travellings alucinantes, e nas sombras radiantes da favela, levitando uma Hollywood tupiniquim. Os espectadores pulam de suas poltronas e repetem, matraqueando o capitão Nascimento do BOPE (bem interpretado por Wagner Moura)_ “Põe na conta do Papa”. Nascimento recebe, na trama, a missão de conquistar um sucessor, oscilando entre Mathias e Neto, um clichê entre o calculista e o impulsivo. O capitão Nascimento vive o conflito da violência que emprega e o nascimento de seu filho, o que remete certa sensibilidade. O filme vacila na visão pessimista do tráfico, e não há opinião sobre de quem é a culpa: da classe média, da corrupção ou do sistema. Ele dimensiona a expressão do grupo de operações especiais, da polícia do Rio, o BOPE, para customizar a ação do filme e opor os policiais convencionais, corruptos, e o batalhão de ELITE da polícia “os caveiras”. O batalhão é responsável para apaziguar o Morro do Turano, onde o Papa ficará instalado, na visita ao Rio, em 1997. O filme se incorpora dos pensamentos do pensador Michel Foucault sobre a opressão do Estado, explicita nos debates universitários, presentes no filme. Foucault categoriza: “grandes estratégias de poder se incrustam nas instituições opressoras do estado como a polícia... Mas sempre há também movimentos de retorno, que fazem com que estratégias nas relações de poder produzam efeitos novos... não antes concernidos” Esse favor elucida a crítica explosiva, que calunia a obra de Padilha, para assim fazer um sermão papal, ou pseudo-fascista. Sendo as revisões sociais do Estado feitas pelo pensador, incluídas no filme, fico a pensar se isso não é apenas um condimento, ou o diretor é conivente as idéia de instituições opressoras. Para assim demonizar coloco lenha. Atiçar fogo bravo e cuspir em brasa dá o mesmo efeito em nossos olhos carnívoros e ouvidos, assistindo à Tropa de Elite. Com justiça de credencial da obra, por favores ficcionais, o filme de José Padilha merece a carteira de status quo do cinema nacional, pois a dimensão remasterizada na última edição do filme- pós camelôs- concertou o erros históricos do cinema nacional. São; errar no áudio, estourar nas cores em movimentos de câmeras, escolher planos equivocados, onde os espectadores devem tornar-se videntes. O filme demonstra apuração técnica, mas repete as dinâmicas dos filmes marginais, retratar nichos sociais dos quais não conhece a fundo.

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