terça-feira, 15 de abril de 2008

O lobista e a raposa

Thiago Turbay Freiria
A veracidade de um corpo é a mesma para o claro ou escuro. A silhueta vale tanto no excesso quanto na falta de luz. Á vista uma mulher sempre se distingue; vezes pela ousadia - sempre extrapola um vício, uma mordida, um bico. Sabe-se que de forma a mulher é um desconcerto. Empinar a anca e baixar o ventre é uma oposição imperfeita, enquanto um escorrega o outro submerge, e são exatamente, os dois, ainda deliciosos. Não perde o sabor experimentar um banquete desses, enquanto se apropria de bem de outrem esse mesmo outrem carrega na manga uma outra carta, então o prejuízo nunca é severo demais. A mulher é um bem que não se aplica com administração, de forma alguma se consegue uma corrupção passiva, ou de laço um peculato com uma magnificência dessas. A priori somos vítimas - em todas as circunstâncias - da sedução. Ninguém dorme tranqüilo sabendo desejar outro. A vontade de pertencer ao outro, tomar o outro para si, é indecorosa, o corpo, por exemplo, mas isso não é crime. O corpo, mesmo com retalhos do passado, não pertence a outro a não ser quem o carrega, tentar apropriar-se desse bem é sempre um risco. Outro; quem vende carrega dentro do ventre uma vergonha, recém nascida, a pessoa passa por uma brutal imoralidade. Vender-se com insinuações para valer mais que o real além de falsidade é corrupção. Faz isso quem tende a possuir um selo sem que o entenda, possuir a si mesmo, uma auto-condenação de sufrágio em favor do preço. Um cobiçado objeto de venda. A moralidade então já frágil no nosso canto nem deve se situar, ou fazendo isso cometo uma demagogia descabelada. E já citado a injúria, me conformo da jornalista Mônica Veloso se posar nua para outrem. Ou desconfio de que isso vale para saber por que o presidente do Senado deixou sua impecável moral, de fidelidade, serenidade por uma silhueta. Deve, em primeiro passo, ter seduzido ele com uma roupa de entrevistadora, discreta, mas com olhos famintos de poses, flash de notícia. Diz que faça chuva ou sol o jornalista não pode ser notícia. Mas tirar foto pelada não é isso. É para um reboque das contas bancárias das felizardas. Hoje somos todos lobistas, compramos a pensão de Renan deliciando-se como se possuíssemos os dotes de Senador, ou de empreiteiro. É o Brasil ainda está na adolescência, na renite, nas horas longas de banho e do desespero de insegurança. Como diz um amigo meu: _ Fui roubado, levaram meu Pit-Bull, de dentro de casa. Achem circunstância mais amedrontadora! Somos felizes, pois sabemos fazer errado o que a etiqueta da ética prega. Corrompemos-nos por dia como se para nos seduzir do poder que não temos.

Nenhum comentário: